Por: Dra. Maria Carméli Correia Sampaio
Quando começamos a vida? Na concepção… na formação dos órgãos, na organização do futuro corpo? Essas e muitas outras indagações proporcionam um sem números de respostas. Mas para nós dentistas a formação do sistema mastigatório começa, no útero, na 3a semana de vida.
Assim começamos a desenvolver todo o arcabouço do que vem a ser a boca e os seus anexos representados pelas glândulas salivares, músculos, ossos, lábios e os folículos dentários (futuros dentes). O ser humano, pequenino, delicado e frágil nasce… coração batendo… o choro para expandir os pulmões e logo, a fome… A primeira sucção em busca do leite materno são os primeiros exercícios e depois, os dentinhos. Isso tudo para dizer que a boca, é o caminho normal do sustento, durante toda a vida no exercício de bem se alimentar.
A vida inicia-se pela boca e a saúde também. A cavidade bucal é um complexo sistema funcional do corpo humano; não se restringe ao mero exercício de colocar a comida, mastigar e engolir. A ajuda da saliva, no trajeto da digestão, distribui elementos vitais de vitaminas e sais minerais às defesas imunológicas, importantes e imprescindíveis por toda a vida. Os dentes fazem seu trabalho de cortar triturar e formar, junto com a saliva, o bolo alimentar com os nutrientes essenciais e caminha, pelo sistema digestivo, distribuindo o necessário para o bom equilíbrio corporal saudável.
Os dentes devem ser cuidados e preservados. São órgãos nobres – os mais duros, mais resistentes e duradouros do nosso organismo. Afinal, são peças responsáveis pelo contorno e representação de uma das mais belas expressões do ser humano: O Sorriso!
Existem problemas? Sim! A cavidade bucal participa do conjunto harmonioso do corpo humano. Mas é, principalmente na face que se apresentam, maduramente, as formas concretas da idade.
A sociedade é exigente nas cobranças de comportamentos e com a beleza física. Procedimentos muito invasivos nos elementos dentários, não trazem o benefício da beleza e da saúde, ao contrário. São prejudiciais pois modificam estruturas ósseas da face e dos elementos dentais. Muitas vezes nos assustamos com essas mutilantes modificações.
Tornar os dentes mais brancos com tratamentos agressivos só traz problemas, desgastes e dores desnecessárias. Os dentes, com o tempo, ficam mais amarelados, assim como a pele torna-se mais ressequida, as unhas mais quebradiças o cabelo mais ralo, são alguns sinais da natureza. Por isso, reforçamos que os tratamentos conservadores mantêm a harmonia facial. O vivenciar essa fase, atualmente se torna menos traumática, desde que o bom senso prevaleça.
As visitas periódicas ao dentista são necessárias pois a boca é sede de várias patologias (doenças), algumas graves que também aparecem em outras partes do corpo. O diagnóstico precoce permite um tratamento adequado, eficiente e sem mutilações. Isso faz toda a diferença.
A escovação é responsável pela manutenção e higienização dos dentes e da língua. Evita perdas dentárias, doenças periodontais (gengiva), mal hálito e doenças sistêmicas mais graves.
Está cientificamente provado que pessoas com uma boa saúde bucal, dificilmente adoecem, porém uma boca doente pode ser responsável por 40% das endocardites bacterianas. O cuidado com a cavidade bucal e seus anexos (lábios, dentes, língua, gengiva, mucosas, glândulas salivares etc.) é mandatório à saúde.
Os elementos dentários e os seus anexos, evidenciam o sorriso experiente, muitas vezes debochado e alegre, como representação da própria existência que reflete o tempo vivenciado maduramente.
Não conseguiremos mais fazer a loucuras que fizemos na adolescência e na idade adulta – alguns ainda conseguem! Mas é raro… No entanto, poderemos ter vida plena se dela conseguirmos extrair o mais importante: a vontade de desfrutar essa fase tão
intensamente como outras que tivemos o privilégio de viver.
Como diz minha tia Neves: “Eu vivo o dia de hoje, o amanhã eu não sei … é outro dia”.
O ditado popular afirma que os olhos representam o espelho da alma; e a cavidade bucal é o espelho da saúde.
Com maturidade, poderemos fazer muitas coisas, talvez não todas como gostaríamos. Porém o cuidado com a alegria de viver, fica hospedado permanentemente no sorriso maduro, compreensivo, sábio, temperado com uma boa gargalhada e a boca saudável aproveitando a vida … E porque não?
Dra. Maria Carméli Correia Sampaio
Profa. Titular da Universidade Federal da Paraíba (UFPB)
Mestre e Doutora pela Faculdade de Odontologia da USP ( FOUSP)
Fundadora e ex Coordenadora dos Cursos de Mestrado e Doutorado de Odontologia da UFPB
Obs.: Artigo cedido pelo autor, para publicação no Instituto Amadurecer.
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