A Biofilia nos ensina (“Bios” = vida, “Philia” = amor).
Biofilia é o amor à vida.
Fala do amor à vida, ao próximo e a nós mesmos.
Busca pela conexão, a nossa busca inata por estar conectado à vida. E a espécie humana é apenas uma das formas de vida do planeta.
“NÓS SOMOS NATUREZA“
“Biofilia é a inerente inclinação humana para se afiliar a natureza que, mesmo no mundo moderno, continua sendo essencial para a saúde física, mental e o bem-estar das pessoas.” (Edward O. Wilson, “Biophylic”,1984)
Se o homem tem mais de 200 mil anos e há apenas 6 mil anos vive em cidades, vemos que a nossa história está ligada à natureza, o nosso verdadeiro lar. Sendo assim, precisamos dela para viver em equilíbrio. Daí a necessidade de nos reconciliarmos com quem somos.
Antes de 2007 a maior parte da população mundial vivia na zona rural, sendo este ano marcado pela passagem dessa vivência para os centros urbanos, iniciando mais fortemente esse processo de desconexão.
A biofilia na arquitetura vem resgatar esse laço fundamental para a nossa sobrevivência com saúde, bem-estar e longevidade. E cada vez mais arquitetos e designers estão nesta direção, trazendo para o seu trabalho as formas, movimentos e características do ambiente natural.
O controle, a separatividade, as tímidas aberturas para o exterior e o isolamento que as atuais moradas nos impõem, vão de encontro a todas as premissas da natureza.
Vivemos 90% do tempo em edificações (ambientes internos e fechados). E estas precisam ser saudáveis, criando essa reconexão com a nossa essência, caso contrário este cenário caótico das construções da civilização moderna pode continuar nos adoecendo, com suas linhas retas, seu ar interno cheio de materiais tóxicos, a falta da luz do sol, da ventilação natural, da beleza e diversidade etc. A natureza envolve transformações contínuas e ambientações estanques nos roubam a vitalidade.
A neurociência comprova como os ambientes construídos nos impactam, positiva ou negativamente, gerando emoções, pensamentos e sentimentos.
A qualidade de vida depende de nos sentirmos bem, serenos, pertencentes e em paz, atributos que somente a natureza pode nos proporcionar. E podemos conseguir esse efeito salutar nos espaços biofílicos.
Empresas como a Google, na Califórnia (EUA) e no Brasil, a Wework e It’s Informov (SP), que incluem a biofilia e a neurociência em seu conceito, são excelentes exemplos dessa interferência do espaço construído e pensado para a felicidade e a produtividade das pessoas.
Nas escolas, mais de 25% dos alunos e professores tem melhor aproveitamento, alegria, socialização e menor propensão a doenças psíquicas e emocionais, quando as salas de aula possuem aberturas maiores, com a visão do jardim e da iluminação natural (“Daylighting in Schools”).
Precisamos nos sentir confortáveis e seguros em nosso local de trabalho, na nossa casa e nos lugares de permanência prolongada. Esse é o princípio para o bem viver.
Pertencemos à natureza e é através dessa reconexão com o ambiente natural que teremos o equilíbrio e a vitalidade, que sem dúvida são necessários para o nosso desenvolvimento e evolução.
Vejo que esta nova forma de ver a arquitetura é um caminho sem volta. Ou privilegiamos a saúde, a qualidade de vida e o bem-estar das pessoas ou fazemos isso – não há outra possibilidade.
A arquitetura pode trazer amor à vida das pessoas com a ajuda da biofilia, pois o ser humano é muito mais saudável e feliz junto à natureza.
Soraia Guimarães
Arquiteta e Urbanista
Consultora de Ambientes
Obs.: Artigo cedido pelo autor, para publicação no Instituto Amadurecer.
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