Por Soraia Guimarães

Quando pensamos em uma arquitetura para a longevidade, imediatamente nos remetemos a uma arquitetura saudável, que prioriza a qualidade de vida, saúde e bem estar daqueles que irão habitar o local e sua integração com o meio ambiente.

Uma boa arquitetura é um item de fundamental importância, para garantir uma vida mais longa, saudável e equilibrada, pois se olharmos a casa como nosso segundo útero, assim como o primeiro, ela também nos nutre, através do seu ar interno, seus cheiros, sua luminosidade, seus ruídos, impactos visuais etc. E um local onde habitam pessoas maduras, precisa ser ainda mais nutrido, para que as pessoas, que já possam apresentar a imunidade mais baixa, sejam alimentadas pela casa e pela natureza.

É preciso ver o ambiente como ele é, um elemento comunicante e um organismo vivo, que também respira e realiza trocas com o meio.

Para nós que buscamos a longevidade, pensar na prática de habitar locais mais saudáveis é uma premissa básica, para lá chegarmos.

É importante que nós, arquitetos, estejamos sintonizados com as mudanças e a evolução natural da vida, para a construção de um mundo melhor, buscando e entendendo as soluções necessárias a cada situação.

Apenas vislumbrando esse assunto,  apresentamos abaixo algumas dicas práticas:

Iluminação e ventilação naturais e abundantes, são o primeiro passo para uma edificação de qualidade, onde o sol e o ar realizam o seu papel de higienizar, vitalizar e tornar o ambiente mais acolhedor, confortável e limpo. Lembrando ainda, que locais fechados e escuros podem ajudar a desenvolver doenças físicas, psicológicas e emocionais nas pessoas que o habitam.

Criando ou adaptando conforme a necessidade, focando na saúde, proteção e segurança das pessoas maduras e também das crianças e daqueles com algum tipo de dificuldade motora, é necessário projetar edificações mais planas, onde o contato com a terra é intensificado, propiciando o andar descalço, restaurando boa parte da vitalidade, isolada pelas solas emborrachadas dos calçados.

A utilização de pisos antiderrapantes, quentes e nivelados, traz de volta a possibilidade de se caminhar tranquilamente, dominando o espaço de forma mais segura e independente. Incluindo a colocação de iluminação de piso e/ou balizadores, que são interessantes para delimitação de cada área, quando necessário.

Evitar desníveis (degraus) nos ambientes é um recurso inteligente. E nos locais em que isso não seja possível, podemos utilizar rampas.

Nas separações dos pisos externos, a utilização de drenos evitará que a água emposse, reduzindo o risco de quedas.

Nas áreas de bancadas de cozinhas e banheiros, sugerimos deixar um espaço livre na parte de baixo, para que se tenha a possibilidade de colocar uma cadeira, caso haja necessidade.

A escolha de materiais de construção, mobiliário, iluminação e ventilação artificiais adequados tem relação direta com a nossa saúde, pois alguns dos seus componentes podem emitir gases e outros elementos tóxicos e estressantes.

Temos que lembrar de um dos pilares para uma arquitetura saudável: a Natureza.

A proximidade com a beleza do céu, de suas plantas, flores, frutas, água, terra, animais… tudo isso fazendo parte de nossa rotina e nos trazendo de volta a quem realmente somos: parte integrante dessa natureza.

Vale ressaltar que apesar das diretrizes básicas no estudo do ambiente e da edificação, cada caso é um mundo de possibilidades, necessitando ser olhado com atenção, cuidado e amor, por nós, profissionais capacitados para essa averiguação.

Como costumo dizer, no conceito de arquitetura para a longevidade, destacaria três pontos principais: Identidade, Integralidade e Confiança, para que possamos recuperar nossa autonomia, independência e segurança no espaço.

Meu propósito é contribuir para a melhoria da qualidade de vida, saúde e bem estar das pessoas e do todo, divulgando e disseminando as informações necessárias sobre uma Arquitetura Integral Sistêmica, que inclui, integra e harmoniza todos os aspectos da humanidade.

A longevidade precisa ser pensada e sentida no Agora. Pois como diz Eckhart Tolle, no seu livro “O Poder do Agora”:

“O que mais existe? … A hora é Agora… Tendo uma profunda consciência de que o momento presente é tudo o que você tem, faça do Agora o foco principal da sua vida.”

A vida acontece agora e sempre no agora.

O que é essencial para você agora?

SORAIA GUIMARÃES
Arquiteta e Urbanista
Projetos e Consultorias

Obs.: Artigo cedido pelo autor, para publicação no Instituto Amadurecer.